Depois do tombo que sofreu na disputa com o Supremo Tribunal Federal (STF) para manter as emendas de relator — apelidadas de Orçamento secreto para atingir Jair Bolsonaro –, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) voltou a contar votos “no varejo” para sua reeleição. Até o final de semana, sua vitória era dada como certa e ele próprio negociava espaço na Esplanada dos Ministérios com Lula.
Lira saiu enfraquecido do episódio do STF, mas engana-se quem afirma que sua candidatura subiu no telhado — ainda é o favorito do “Centrão”. Segundo aliados que estiveram nas reuniões de ontem, depois do voto do ministro Ricardo Lewandowski, ele identificou um jogo orquestrado para tentar derrubá-lo. Além do próprio PT, atuaram pesado o presidente do União Brasil, Luciano Bivar (PE), que quer a cadeira de Lira, e o senador Renan Calheiros (MDB), seu inimigo no Estado. Bivar ofereceu o apoio da bancada do UB e alinhamento ao Palácio do Planalto à frente da Câmara.
Não causará surpresa na Casa se Bivar ou um nome do MDB ligado a Renan surgir nos próximos dias como candidato.
Outra leitura do xadrez na Câmara é que, sem o poder de barganha das emendas e o super-trunfo da PEC da Gastança, Lira não conta mais com o apoio integral das bancadas dos partidos, mas sim com o varejo. Uma estratégia será procurar os deputados diplomados ontem que assumirão o primeiro mandato — a Casa terá renovação de 40%. Como moeda em troca de apoio, vale tudo: desde ajuda para conseguir cargos em comissões temáticas até gabinetes em melhor estado de conservação.