Segundo o papa Francisco, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, foi “vítima de fake news” no julgamento que levou o petista à prisão em 2018. Conforme Francisco, o processo de Lula “criou uma atmosfera que favoreceu o julgamento”.
“É um caso paradigmático”, declarou o papa argentino em entrevista ao jornal espanhol ABC, divulgada neste domingo, 18. “O processo de julgamento começou com notícias falsas na mídia, fake news, que criaram uma atmosfera que favoreceu seu julgamento.”
Na ocasião, o pontífice foi interpelado sobre as eleições brasileiras, em que Lula saiu vitorioso. Para Francisco, “o problema das notícias falsas sobre líderes políticos e sociais é gravíssimo”, porque “podem destruir uma pessoa”.
“Não sei como acabou”, disse o papa. “Não dá a impressão de que foi um processo decente. E a esse respeito, cuidado com aqueles que criam o clima para qualquer processo. Eles fazem isso através da mídia para influenciar aqueles que devem julgar e decidir.”
Em fevereiro de 2020, o petista reuniu-se com o papa, no Vaticano, para debater sobre a intolerância, desigualdade social e forme.
O julgamento de Lula
Em 2018, o petista ficou preso quase dois anos na sede da Polícia Federal, em Curitiba, por ações envolvendo a Operação Lava Jato. Entre 2017 e 2019, Lula foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, em três instâncias.
Ele foi julgado por nove juízes, mas em 2021 teve as sentenças anuladas por Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de entendimento de erro processual por incompetência de foro. Em janeiro deste ano, a 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal arquivou ação contra Lula, em razão da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal.
Em junho de 2021, o STF considerou o ex-juiz Sergio Moro (União-PR), senador eleito, parcial no caso do triplex e anulou também aquela condenação. O entendimento sobre a parcialidade se estendeu a outros processos e todas as ações voltaram à estaca zero. Os procedimentos não significam que o petista tenha sido absolvido, visto que as decisões foram por anulação e arquivamento das sentenças.
